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25/09/2020

Epicentro: Milagre

EXPOSIÇÃO

25 set 2020 – 10 jan 2021  - Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas

ARTISTAS | Berru, Francisco Lacerda, João Ferreira, Tito Mouraz, Vincent Moon e Priscilla Telmon

Epicentro: Milagre é uma exposição colectiva que aborda a forma como a especificidade geográfica da ilha molda uma identidade cultural. Com curadoria do Tremor Festival, a exposição ocupa o espaço expositivo do Arquipélago com  artistas que trabalham o som, a fotografia, o cinema e a instalação e incorpora visões e experiências documentais, ficcionais e imersivas. Os três meses de permanência serão acompanhados por um programa performativo e de serviço educativo

Exposição com obras de: Berru, Francisco Lacerda, João Ferreira, Tito Mouraz, Vincent Moon e Priscilla Telmon.

Nos Açores, numa época em que a terra treme todos os dias, diz-se iminente o surgimento de uma nova ilha. O milagre de um novo território potencia um novo futuro, ainda que a transformação do planeta pelas mãos do homem, nos empurre para a submersão da terra, o fim do mundo e o absoluto desconhecido. Vive-se dentro de uma beleza sem contenção, um paraíso vulcânico erguido pelo avassalador poder da natureza, mágico e inesperado. 

A natureza, as pessoas, as tradições e a história ligam-se numa fascinante geografia de jogos de força. Tremores de terra e vulcões, mar que não falha mas não perdoa, ventos, chuvas e brumas que aparecem como ameaças de transformação de um mundo seguro e reconhecível. Teme-se a morte da terra e a sua irreversibilidade, e nisso, define-se uma matriz identitária que luta com a força das mãos contra a instabilidade, a insegurança e as incertezas da vida e dos elementos.

Rituais seculares juntam comunidades em torno de práticas de fé e crença para resistir às adversidades e ao desconhecido da Natureza. Homens e mulheres iniciam-se em promessas, cultos, ritos, elogios e rezas a deuses e lugares. Fazem-no como forma de explicar o mundo, forma de interpretar os sinais do alto, forma de aguentar os sinais dos tempos.

Procissões, impérios, peregrinações, danças, cantos, a adoração a imagens encontradas no mar - tradições de imersão e culto, redenção e protecção, medo e castigo.

Epicentro: Milagre não cabe nos limites do que conhecemos das leis naturais, deslizando, por isso, para a fé, a crença, o delírio, a imaginação sobre a criação e destruição da natureza e da cultura, o espantoso divino, tremor, terror e “seja o que deus quiser”. A exposição olha a forma como a especificidade da ilha molda uma identidade cultural, a açorianidade à imagem de Vitorino Nemésio, apresentando artistas cujas obras e pesquisas incorporam o documental, o ficcional, a fantasmagoria ou o convite à imersão.

Artistas que trabalham o som, a fotografia, o cinema e a instalação como disparadores do processo criativo e que foram desafiados para residências artísticas, experimentação e investigação, produção de pensamento e performance, para criar uma pluralidade de perspectivas sobre este território natural e cultural.

São olhares de dentro e de fora, os que agora tomam de ataque o Arquipélago, como epicentro expositivo e performativo. Exploram as suas dimensões de criação e apresentação artística, contribuindo para a reflexão e confusão sobre o que achamos que sabemos da ilha onde temos pés e criam um conjunto incompleto de milagres dos Açores que renovam e expandem um acervo de arte contemporânea. 

 

+info: Arquipélago Website